sábado, 3 de janeiro de 2009

Machado de Assis


“Ao vencedor, as batatas!”.

Quem nunca leu Machado de Assis, devem está se perguntado, isso é loucura. Pois bem, issso não é uma loucura de Machado, e sim uma verdade. Em uns dos seu livro, exatamente em Quincas Borba ele conta uma história de duas tribos que estão como fome, e precisa de comida ou se não todos morrem.
Ele dá duas opções, uma é de dividir entre as duas tribos as batatas, porém como são muitas pessoas e a plantação só tem quantidade suficiente para alimentar só uma, e outra opção seria a "guerra" como ele diz, sim exatamente a guerra, pois uma das tribos vai sobreviver totalmente e poder transmintir o seu legado, ou seja isso é a mais pura determinação do Humanitismo, que o seu criador Quincas Borba de Memórias Póstumas e que é o mesmo do livro Quincas Borba , e como toda filosofia, o Humanitismo possuía um princípio, o Humanitas. Para endenter melhor aí está um trecho de Machado, em Quincas Borba:


Crê-me, o Humanitismo é o remate das causas; e eu, que o formulei, sou o maior homem do mundo. Olha, vês como o meu bom Quincas Borba está olhando para mim? Não é ele, é Humanitas...
– Que Humanitas é esse?
– Humanitas é o princípio. Há nas coisas todas certa substância recôndita e idêntica, um princípio único, universal, eterno, comum, indivisível e indestrutível, – ou, para usar a linguagem do grande Camões: Uma verdade que nas coisas anda,/ Que mora no visíbil e no invisíbil.
Pois essa substância ou verdade, esse princípio indestrutível é que é Humanitas. Assim lhe chamo, porque resume o universo, e o universo é o homem. Vais entendendo?
– Pouco; mas, ainda assim, como é que a morte de sua avó...
– Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é a condição da sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.



Aí está unas das imagináveis e inúmeras provas de que Machado de Assis é o mais completo e o melhor escritor brasileiro, não é só pela sua linguagem, mas em minha mera opnião a crítica, e principlamente a ironia do começo até o fim, ele consegue prender o leitor e deixar que o mesmo tenha a sua própria ideia sobre determinado assunto:





AO LEITOR


QUE STENDHAL confessasse haver escrito um de seus livros para cem leitores, cousa é que admira e consterna. O que não admira, nem provavelmente consternará é se este outro livro não tiver os cem leitores de Stendhal, nem cinqüenta, nem vinte, e quando muito, dez. Dez? Talvez cinco. Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne, ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo. Pode ser. Obra de finado. Escrevi-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse conúbio. Acresce que a gente grave achará no livro umas aparências de puro romance, ao passo que a gente frívola não achará nele o seu romance usual, ei-lo aí fica privado da estima dos graves e do amor dos frívolos, que são as duas colunas máximas da opinião.
Mas eu ainda espero angariar as simpatias da opinião, e o primeiro remédio é fugir a um prólogo explícito e longo. O melhor prólogo é o que contém menos cousas, ou o que as diz de um jeito obscuro e truncado. Conseguintemente, evito contar o processo extraordinário que empreguei na composição destas Memórias, trabalhadas cá no outro mundo. Seria curioso, mas nimiamente extenso, e aliás desnecessário ao entendimento da obra. A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus.


Brás Cubas



Simplesmente sensacional.


Samara Raquel

Um comentário:

  1. Abriu o blog muito bem, escrevendo falando de um dos maiores autores de todos os tempos e que este blog dê muitos frutos a você e a todos que o lerem.

    Beijo

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